sábado, 19 de julho de 2014

O Caminho chama por nós. E nós vamos!

Falta pouco... muito pouco...

Hoje viajo, com o Ricardo (meu companheiro de vida), a Nancy e o Rui até Ponte de Lima. É de lá que partiremos amanhã, cedinho - o mais tardar 6:00 - para enfrentar a mítica jornada da Labruja. A nós vai juntar-se o grupo com quem partilharei esta viagem interior, composto pela Luísa, pela Aurora, pelo Carlos e (em algumas etapas) pelo Manuel (Nélito). Também irão connosco o Zé Manel (que inicialmente era para fazer todo o caminho), e o seu grupo, mas apenas para subir a serra connosco.

Com eles, não só esta jornada, como todo o Caminho será uma experiência muito mais generosa, colorida e divertida, ou seja, menos penosa. Sou a única 'caloira' do grupo e curiosamente fui eu que 'acordei' neles a vontade, que surgiu em cadeia: em conversa com o 'peregrino' Nélito, um profundo conhecedor dos trilhos (delegado da Associação Espaço Jacobeus em Vila Verde) e que já foi a Santiago de várias formas, não podendo ir a tempo inteiro, vai realizar as etapas de fim-de-semana; ele despertou a 'voz interior' na Luísa, a sua companheira de vida, que já fez há uns anos o Caminho da Costa; a Luísa falou à Aurora e ao Carlos dessa vontade e eles também sentiram o chamamento do Caminho; também falou ao Zé Manel (mas este ano não irá, ficando-se pela Labruja).


O Caminho a todos nós chamou. Vamos juntos até Santiago e tenho a certeza que será memorável!

As duas primeiras etapas (Sé de Braga - Albergue de Goães e do Albergue de Goães a Ponte de Lima) tive que as realizar nos dois domingos anteriores (de 6 e 13 de Julho), para adaptar o plano à disponibilidade. Como 'caloira' que sou, foi a decisão mais sensata.

Esta será a primeira noite num albergue do Caminho e tenho a certeza que será uma experiência especial, de tão singela e aparentemente banal. Mais uma das muitas que espero viver e absorver durante o percurso de 8 dias até Compostela.

O Caminho era o que eu precisava e escolhi viver nesta fase da minha vida. 'Mergulhos' destes são o que transformam o ser humano e eu concebo-me modelando-me pelas experiências, tornando-me mais sábia e apurando o meu 'eagle eye', ou seja uma visão 'aérea' e ampla do mundo, que privilegia o respeito e a aceitação. O meu objetivo é derrubar todos os obstáculos possíveis que possa ainda ter e sentir no julgamento dos outros. A diferença atrai-me, porque prova-me que não temos que ser formatados pela sociedade para ser aceites; seres únicos e autênticos são um deslumbramento e aprendizagem.

Só alcançamos essa humildade indo à origem das coisas, buscando na raíz da formação do ser humano, nas manifestações antigas, simbólicas e tradicionais, que despertam características como a devoção, a generosidade, a oração (recolhimento, reflexão) e por fim a aceitação.

Tenho aprendido muito a ler o livro que a Sónia me ofereceu do investigador em simbologia e tradições portuguesas, um dos historiadores mais respeitados em Portugal, Vitor Manuel Adrião, com a obra 'Santiago Compostela, Mistérios da Rota Portuguesa'. É a componente histórica que mais me fascina no Caminho e concluo que percorrê-lo é, antes de mais, um ato de fé em nós mesmos.

Acho que já descobri porque decidi impulsivamente ir a pé a Compostela...

FP

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